sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Medo



Ás vezes, o dia amanhece cinza. Então, escuto música. Alta. Assim, não escuto meus pensamentos.

Não. Não estou a fim de fazer uma prece. Não agora. Só quero que os dias maus se apressem. E acabem.

Há noites em que grito nos meus sonhos. É apenas medo dos meus pesadelos da realidade.

Não quero me lamentar. Só queria mesmo, ver o dia lá fora brilhar. E me cegar de tanta claridade. E recuperar minha clareza.

Na escuridão é que escondo meus temores. Por isso, tenho medo da claridade. Para esconder meu medo, uso óculos escuros. Para conter minhas lágrimas, sorrio. Para dominar a tremura, danço.

Não sei chorar e nem quero. Na verdade o que quero de verdade, é que os dias cinzas se acabem.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Explosiva



Sabe, tem dias que eu quero dar na sua cara. Mas aí vem você com essa cara de cãozinho na chuva que me faz esquecer tudo. De longe fico remoendo todo o ódio subterrâneo que alimento por você. Porém, ele incrivelmente some quando você dobra aquela esquina. Não consigo perdoar, não consigo deixar de amar, não sei superar, não sei só amar. Essa multiplicação “amor x ódio retido” esta sendo atomicamente explosiva. Não sei no que vai dar. Não sei nem se vai dar. Nem ligo no que vai dar.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Três



Em meio à crise, ele perguntou o que poderia ser feito. Ela lhe entregou um papel dobrado com três nomes escritos. Ele entendeu que ela nunca seria totalmente dele se não provasse dos outros. Então, ela lhe entregou um mapa com três pontos vermelhos. Ele disse: “Vai!”. Ela foi. Provou. Gostou. Mas voltou. Nenhum era como a dor e delícia de estar com ele.

sábado, 1 de setembro de 2012

Silêncio



O silêncio fala, Linda.
O silêncio grita.
E, sobretudo
diz o que calamos.
Diga lá?
Teu silêncio é de aflição?
Ou de meditação?
Espero que seja um silêncio falante como o é dos poetas e filósofos.